A aula havia terminado aquela noite, e Tom se dirigiu até seu
apartamento, esgotado por causa do dia. Ele tinha a agenda cheia; estava
trabalhando em dois restaurantes, e ia para a escola o tempo inteiro,
numa universidade local.
Ele jogou sua bolsa de ombro no chão e
fechou a porta atrás de si. Seu apartamento não era impressivo. Apenas
um espaço que dividia um quarto e uma sala, uma cozinha pequena e um
banheiro. Ele tinha orgulho daquele lugar, este sendo seu primeiro
apartamento, sua primeira experiência de se levantar com seus próprios
pés.
Ele estava indo bem.
Se sentou no sofá gasto e se
inclinou para trás, relaxando seus membros doloridos. Ele trabalhou em
turno duplo aquele dia antes de ir para suas aulas da noite. Seus
salários eram pequenos, mas ele trabalhava duro por eles. Ele tinha
criado uma boa vidinha para si na cidade. O apartamento não tinha muito
com isso; alguns livros da escola espalhados, uma cama, o sofá e algumas
prateleiras com uma televisão velha.
Sentada no topo das prateleiras, estava a boneca esfarrapada com cabelo emaranhado e a pele desbotada de porcelana.
Tom
suspirou e fechou os olhos, sabendo que provavelmente dormiria no sofá
aquela noite, porque ele estava muito cansado para se mover. Ele tinha
um monte de dever de casa para fazer, mas decidiu que faria pela manhã
antes de ter que ir para o trabalho servir algumas mesas.
Ele havia acabado de cair em um sono leve quando ouviu uma batida na porta.
Seus
olhos abriram e ele levantou as sobrancelhas, confuso. Eram quase dez
da noite. Ele não tinha muitos amigos e não estava esperando que ninguém
viesse.
A batida era leve, tímida, mas firme. Tom se levantou e lentamente caminhou até a porta. Ele a abriu, mordendo o lábio.
Ofegou.
Era Bill.
Bill. Parado na entrada, parecendo suave e mexendo suas mãos juntas. Ele
estava vestindo roupas comuns, jeans e camiseta, e estava exatamente
como Tom se recordava. Cabelo liso, bochechas vermelhas e uma leve
maquiagem esfumaçada em volta dos olhos. Ele estava lindo, e o estômago
de Tom parecia quente e estranho.
“É realmente você?” foi tudo o que o loiro pode dizer, sua voz travando na garganta.
Bill retorceu as mãos juntas, embaraçando os dedos e mordendo o lábio. Ele encarou Tom com os olhos molhados.
“Oi.” Ele disse suavemente. “Desculpa, eu...”
O
moreno se arrastou, encarando o chão novamente. Ele piscou os olhos
algumas vezes e Tom deu um passo para trás com seus pés pesados.
Observou Bill cuidadosamente. As mãos dele se mexiam tão tensamente que
as dobras dos dedos estavam quase brancas.
“Oh.” Murmurou, os
olhos parando sobre algo atrás de Tom. Este se virou e viu que o moreno
havia encontrado sua velha boneca. Por um momento, ele temeu que Bill
ficasse chateado, que a boneca pudesse provocar algo. Tom não achava que
veria Bill de novo, então ele levou a boneca para casa, porque ela era
um pedaço do moreno.
Mas então ele o olhou novamente, Bill tinha um pequeno sorriso no rosto.
“Entra.” Tom disse baixo.
O mais novo balançou a cabeça, cruzando os braços. “Eu só vou-“
Ele
alcançou o braço do moreno, puxando-o para dentro. Este caiu nos braços
de Tom, se curvando intimamente e enterrando o rosto no ombro do mais
velho.
“Tudo bem.” Ele sussurrou, acariciando as costas do mais velho e o pressionando contra o peito. “Tudo bem, eu te segurei.”
“Você me encontrou.” Bill disse, suave. “Oh, deus.”
Seus lábios se pressionaram juntos e Tom fechou a porta atrás deles.
Fim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário