O garoto não queria
ter de viver aquele momento, então contentava-se ao recordar de
outro. O que o levara àquilo.
“Tom, eu não
aguento mais.” Ele exclamou.
“Deixe de ser
fresco, Bill.” Respondeu o outro.
“Cai na real. Se
você gosta tanto assim disso, não insista em dizer que é para
disfarçar, para nos esconder.”
O loiro de dreads,
mais velho, tentava se controlar. Mas não era uma coisa de que ele
gostasse, brigar com o irmão.
“Olha, eu gosto
sim delas, ok? Mas o problema é que eu amo você.”
“Se você me ama,
assuma.” O moreno o encarou sério, e Tom ficou sem reação. “Que
foi, ficou com medinho agora, é?” Desdenhou.
“Me aguarde. Agora
não tenho cabeça para isso. Quer ir dormir?”
“Hoje sozinho.”
Se virou e pisando forte subiu a escada para seu quarto.
Na sala, Tom quase
tremia de raiva. Tomou uma decisão errada; sabia que o irmão não
aprovaria, mas mesmo assim pegou a chave do carro e saiu para a
garagem. Arrancou forte e foi dirigindo em uma velocidade muito acima
do permitido por uma rodovia cheia de árvores no acostamento. Não
demorou muito para ter de desviar de um carro bruscamente e ir ao
encontro de uma delas.
Lágrimas
escaparam pelos olhos de Bill, e ele jogou uma tulipa vermelha sobre
o caixão do gêmeo, que logo estaria debaixo da terra. Ele não
seria capaz de seguir a vida sozinho. Fizera uma besteira e agora
tinha de consertá-la.
A
passos largos deixou o local antes do enterro terminar, indo para o
carro, já com a chave em mãos. Entrou nele e ficou ali sentado,
olhando as gotas d'água no vidro. Abaixou o capuz e tirou o cabelo
de dentro do casaco. Colocou a chave na ignição e girou, esperando
o carro pegar. Levantou os óculos e deu uma última olhada em seu
rosto pelo retrovisor, tornando a colocá-lo.
Com
um último suspiro soltou o freio de mão, trocou a marcha e colocou
o pé no acelerador.
Levado
pela culpa, arrancou. Partindo ao encontro do irmão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário