sexta-feira

Capítulo 5

     Tom sempre fora muito bom em uma coisa: evitar.

     E foi isso que ele fez durante seu próximo turno na instituição. Ele entrou e foi direto para o trabalho. Normalmente, ele gostava de passear um pouco, ir até a lavanderia, sair com Georg – ou, recentemente, com Gustav – por cerca de uma hora. Às vezes ele gastava seu tempo conversando com Kaaren mesmo antes de começar seu trabalho.

     Desta vez, porém, ele manteve a cabeça baixa e os olhos em sua tarefa, o chão imundo. Ele suspirou quando ajeitou os fones de ouvido. Não havia música nenhuma saindo deles, mas tinha-os como escudo. Ele não queria que ninguém o incomodasse. Ninguém. Nem empregados e, especialmente, residentes.

     Ele chegou ao final de um corredor e encostou-se em uma das paredes, os dedos apertando a forma retangular em seu bolso. Ele poderia ter fumado um cigarro quando teve chance. Estava tão tenso que quase chegava a tremer.

     Tom não conseguia parar de pensar sobre o sonho que teve. Sentia-se culpado. Ele não poderia ter esses pensamentos, não sobre ninguém deste lugar. Especialmente sobre Bill.

     Ele gemeu, fechando os olhos, e levando um cigarro a boca, só para chupar. Ele precisava do gosto, e lamber a ponta de um cigarro apagado era tudo que ele conseguiria no momento. Enfiou-o entre os lábios e escovou a língua sobre ele, fechando os olhos. Ele não estava ali nem há duas horas, e ainda havia muito chão a ser lavado.

     “Eu encontrei você.”

     Bill estava ali, de pé, com os braços em volta do corpo e um cobertor envolvendo seus frágeis ombros. A boneca manchada aparecia por uma fresta da coberta, e Bill parecia extremamente cansado.

     Tom tirou o cigarro da boca depressa e em seguida mordeu seu lábio. “Oh, hey”

     “Você está aqui tão tarde...” Bill puxou o cobertor e apertou-o em torno dele “Eu procurei você em todo lugar essa manhã, mas...”

     “Sim, meu turno é diferente agora” Tom respondeu, olhando para baixo.

     “Diferente?”

     “Eu trabalho a noite agora.”

     “Ah. Eu estava dormindo, mas depois eu acordei porque pensei ter ouvido alguma coisa, então... Eu só queria dar um passeio.” Disse Bill, esfregando um olho “Então eu vi você.”

     “Você pode ficar andando por aí?” Tom perguntou.

     A cara de Bill se fechou. “Eu não sou um bebê de merda.”

     Tom suspirou. “Sim, eu sei.”

     “Porque você não me disse?” Bill franziu a testa. “Foi um saco a minha manhã inteira, sem você.”

     “Desculpe.”

     Bill balançou a boneca, e sussurrou algo baixo, cobrindo-a com um cobertor. Ele oscilou um pouco, fechando os olhos. Tom o observava, sentindo-se mais terrível a cada minuto. Não era culpa dele e ele não tinha nenhuma responsabilidade com Bill, mas seu próprio dia também tinha sido horrível por causa da mudança de horário.

     “Sério, eu sinto muito.” Disse Tom, novamente “Eu só estou um pouco... estranho. Hoje.”

     Bill encolheu os ombros, abrindo os olhos arregalados. “Por quê?”

     “Eu não sei.” Mas Tom sabia, e queria ficar longe de Bill, tanto quanto queria ficar ao seu redor. “Eu vou ficar bem.”

     “Então, você trabalha a noite agora?” Bill perguntou.

     “É por turnos, sim. Provavelmente você não vai me ver muito.”

     “Hmmmm.” Bill sentou-se no chão, pensativo “Tudo bem, eu posso ficar até mais tarde.”

     “Sério?” Tom se viu perguntando, mas então ele caiu em si “Quero dizer, não.”

     “Por quê? Eu quero.” Disse Bill.

     “Não faça isso por mim.” Tom respondeu, franzindo o cenho “Eu tenho trabalho a fazer, de qualquer modo.”

     “Então?” Bill sorriu um pouco “Você quer que eu te deixe em paz?”

     Tom não queria, mas sabia que deveria. Ele sabia que devia dizer a Bill que tinha coisas para fazer, que precisava ficar sozinho, que eles sequer deviam estar se falando.

     Mas, todas as suas experiências com Bill tinham um tema em comum: ir contra todos os seus instintos.

     “Tudo bem.” Disse Tom, baixinho, empurrando o seu fone de ouvido “Quer ir a algum lugar?”

     “Onde?” perguntou Bill, cansado.

     “Em nenhum lugar assustador.” Garantiu Tom “Nós não vamos deixar o edifício, nem nada.”

     Bill mordeu o lábio. “Eu não sei.”

     “Vamos lá.” Disse Tom. “Eu prometo que você não vai ficar em apuros.”

     “Pro-promete?”

     Tom lançou a Bill seu olhar mais sincero, ele não queria que nada acontecesse a Bill, nem mesmo o mais ínfimo dos problemas. “Claro.”

     Bill assentiu lentamente. “O-ok... ok. Vamos lá.”

     Tom olhou ao redor, então puxou o braço de Bill, arrastando-o para a saída que ele sempre usava para chegar à lavanderia. Depois de introduzir o código de segurança para sair, ele e Bill desceram as escadas calmamente. Tom estava nervoso, sabia que o que estava fazendo poderia levá-lo a ser expulso, até mesmo ir para cadeia por quebrar essas regras, mas ele não se importava.

     Ele abriu a porta da lavanderia e deixou Bill entrar primeiro. Bill franziu o cenho, lançando a Tom um olhar engraçado.

     “Roupa?” perguntou.

     “Hm, não.” Tom disse. Ele fechou e trancou a porta atrás dele, e respirou profundamente. Era sempre quente na lavanderia, e agora o ar estava pesado e obsoleto. “Vá para trás da máquina de lavar, eu vou logo depois.”

     Bill foi, puxando os ombros para dentro e apertando mais o cobertor em torno dele. A boneca apareceu por uma brecha e Tom gemeu baixinho. Bill estava sentindo medo e desconforto, e ele sabia disso.

     “Tudo bem ficar aí” disse Tom, baixinho. “Eu estarei aqui, ok?”

     Bill assentiu com a cabeça, mantendo os olhos fixos em Tom o tempo todo. Tom foi para a porta que dava acesso a cozinha e espiou pela janela. Não havia ninguém ao redor. O prédio todo fechava durante a noite, e, quando Tom empurrou a porta para procurar algo sobre uma das prateleiras, escutou o som de Bill atrás dele.

     “Hey” Tom disse, sorrindo um pouco. “Não pode me deixar sozinho?”

     “Está escuro. Não que eu esteja com medo do escuro, mas...” Bill o olhou, envergonhado.

     “Não, eu entendo” Tom respondeu. Ele fechou a porta da cozinha e guiou Bill de volta para a lavanderia. Bill agarrou a boneca com força, com mais força que o habitual. Tom hesitou antes de esfregar um leve círculo calmante nas costas de Bill. Bill olhou por cima do ombro, os olhos arregalados.

     “O que estamos fazendo?” ele sussurrou.

     “Por aqui.” Tom disse, e eles foram para trás da maior máquina de lavar da lavanderia.

     “Aqui, sente-se aqui. Está tudo bem.”

     “Vo- você ta-também vai se se-sentar aqui?”

     “Claro.” Disse Tom. ”Eu não perderia isso.”

     “O quê?”

     Tom abriu uma pequena bolsa que trouxera da cozinha. Ela era de Georg, e sempre ficava no edifício. Tinha dentro dela camisetas extras, garrafinhas de água e duas coisas importantes: um cachimbo e um bom estoque de maconha. Tom ergueu-a, inspecionando o tubo.

     “Oh” Bill exclamou “Merda.”

     “Você quer fumar?” Tom perguntou.

     Bill olhou para o cachimbo, com os olhos vidrados. “Eu acho que sim...”

     “Você não vai ter problemas, e se tiver eu digo que é minha culpa.” Tom prometeu. “Se você odiar nós vamos parar.”

     “Eu já fiz isso antes.” Bill tocou na tubulação, e em seguida trouxe para perto de seu rosto, inalando “Mmm... Faz muito tempo, embora.”

      “Você lembra como se faz?” Tom provocou.

     “Mostre-me” disse Bill.

     Tom sorriu, pegou algumas pitadas da erva e a colocou no tubo, respirando através do bocal, sentindo o gosto doce em seus lábios. Ele procurou em seus bolsos até encontrar o isqueiro, e depois acendeu, cuidadosamente, iluminando Bill que o observava atentamente.

     Ele deu uma longa baforada no cachimbo e segurou a fumaça ardente em sua boca antes de liberá-la, sentindo seu corpo todo relaxar quase imediatamente. Ele ofereceu o cachimbo para Bill, que apenas balançou a cabeça, um olhar preocupado em seu rosto.

     “Isso é ruim.” Bill murmurou. Ele olhou para seu bebê e engasgou. “Oh Deus, eu sou tão idiota. Klaus não pode... Ele não pode ficar perto disto.”

     “Aqui” Tom disse. “Tome isto.”

     Bill cautelosamente pegou o tubo e Tom puxou o cobertor de seus ombros. Estendeu a mão para a boneca em seguida, mas Bill hesitou, abraçando-a.

     “Eu vou deixá-la confortável.” Disse Tom. “Dá-me, ok?”

     “Cu-cuidado. Ele es-está dormindo.” Bill respondeu, trêmulo.

     Bill soltou a boneca e Tom envolveu-a no cobertor, pousando-a em uma cadeira próxima. Bill colocou seus braços em volta de si mesmo, tremendo, segurando o cano sem jeito.

     “Está tudo bem?” Tom perguntou.

     “S-sim, tu-tudo bem.” Disse Bill. Ele devolveu o cano para Tom e puxou os joelhos para próximo do peito, abraçando-os. “Ele gosta de você.”

     Tom sentou-se ao lado de Bill e deu mais uma tragada no tubo. “Sério?”

     “Mhmm” Bill balançou para frente e para trás um pouco. Tom observava-o atentamente, com medo de perdê-lo. Depois de algum tempo, ele já sabia reconhecer os sinais de alerta.

     “Você quer fazer isso? Eu posso segurá-lo para você.” Tom ofereceu, apontando para o tubo. Ele estava sendo gentil com Bill, mais do que já tinha com qualquer um, até mesmo com suas namoradas.

     Bill assentiu. “Tudo bem” sussurrou. “Mas me ajude.”

     Tom sorriu, e segurou o cano para cima. Bill inclinou-se e tomou o bocal entre os lábios, e Tom cobriu o outro buraco com um dedo. Bill fechou os olhos e respirou, em seguida tossiu, logo que tomou o golpe. Imediatamente, Tom pôs a mão em suas costas, e massageou-a circularmente.

     “Você está bem? Merda.” Tom murmurou, colocando o cano para baixo.

     Bill pôs a mão sobre a boca e sua tosse se transformou em riso. “Merda.” Disse ele, ofegante. “Isso cresce debaixo de alguma pedra, ou algo assim?”

     Tom fez uma pausa. “Você está bem?”

     “Jesus Cristo, dá-me o tubo de novo, eu não estava preparado para isso.” Respondeu Bill. “Eu achei que você ia ter uma erva boa.”

     “Hm.” Assentiu Tom, hipnotizado. “O quê?”

     Bill soltou uma risada estridente. “Espere. Oh, talvez seja boa.” Ele sugou o tubo outra vez, liberando a fumaça de modo mais vagaroso. “Uh, sim.”

     Tom começou a rir, principalmente de alívio. “É do Georg, não me culpe.”

     “É terrível.” Disse Bill, os olhos arregalados. “Mais um, forte.”

     “Sim.” Disse Tom, com relutância, tirando sua mão das costas de Bill. “É melhor parar agora.”

     “De jeito nenhum.”

     Tom sorriu. “Você é muito surpreendente.”

     “O que, só porque eu sou louco não significa que eu não posso, ou não sei, fumar?” Bill revirou os olhos. “Foi uma piada.”

     Tom encolheu-se. “Piada ruim.”

     “Você sempre diz isso.” Reclamou Bill. “Você devia apenas rir. Como eu faço. Vamos lá, é engraçado.”

     “Eu acho que...” Tom respondeu. Ele não sabia se era mesmo engraçado, especialmente porque ele olhou para a boneca de Bill enrolada em um canto.

     Então ele olhou para Bill de novo e sentiu algo quente em sua barriga. Os olhos de Bill estavam brilhando sob a pouca luz, e ele estava rindo incontrolavelmente.

     “Largue o tubo.” Tom conseguiu dizer, cutucando Bill. “Ou vou contar para o Georg.”

     “E eu vou dizer para Kaaren,” Bill jogou a cabeça para trás, os olhos brilhantes “Que você me deixou alto.”

     Tom gemeu. “Não é justo.”

     “Eu não diria.” Disse Bill, rapidamente. “Eu não diria nada sobre você, nunca.”

     “Por quê?”

     “Eu gosto de você.” Disse Bill, calmamente, colocando o cano para baixo.

     Tom sentiu seu rosto corar. Ele pegou o tubo e deu uma tragada, já que ele sabia que podia segurar. Mas, mesmo assim, ele tossiu, sentindo seus olhos lacrimejarem e Bill passou a esfregar suas costas como ele fizera antes.

     “Oh” Tom suspirou. Bill estava tão perto dele, mais perto do que tinha estado antes, e seu sonho brilhou em sua mente. Ele se retraiu sob o toque de Bill, sentindo-se ainda mais quente. Ele sabia que seu rosto devia estar vermelho brilhante, e agradeceu a pouca iluminação do local.

     “Você está bem?” Bill sussurrou, o rosto próximo ao de Tom.

     Tom se virou para olhar para o outro menino e sua respiração prendeu em sua garganta. Seus rostos estavam a poucos centímetros de distância, e a barriga de Tom estava rodando.

     Ele balançou a cabeça, olhando para baixo. Ele podia sentir a respiração de Bill em seu rosto e seu sonho não deixava sua mente. Ele estava começando a misturar sua imaginação com o real. O cabelo de Bill estava embaraçado e confuso, e sua maquiagem estava borrada há alguns dias, manchada em seu rosto, mas tinha o cheiro dele. E esse cheiro estava começando a deixá-lo um pouco louco.

     E Bill era tão bonito como em seu sonho. Tom olhou para cima, admirando as características suaves de Bill, seus olhos castanhos e seus lábios rosados.

     “Será que acabou?” Bill perguntou, baixinho.

     Tom abriu a boca para responder, mas então os olhos se arregalaram e ele engasgou.

     “Klaus.” Disse Bill, levantando-se rapidamente. Ele foi até a boneca e pegou-a, abraçando-a contra seu peito e balançando para frente e para trás. Tom apenas observava, seu coração se partindo dolorosamente.

     “O que aconteceu?” Tom perguntou, empurrando o cano para baixo.

     “Ele precisa de mim, ele precisava de mim.” Disse Bill, os olhos fechados. “Oh meu Deus, eu sou um idiota, eu coloquei ela no chão. Me desculpe, me desculpe, me desculpe.”

     Tom se levantou e lentamente se aproximou de Bill, carrancudo. Ele havia o perdido. De novo.

     “Pobre bebê, pobre queridinho.” Bill murmurou, desembrulhando a boneca e deixando o cobertor cair no chão. “Me desculpe, pobre bebê.”

     “Bill” Tom tentou.

     “Nâo.” Disse Bill, os olhos ainda fechados. “Eu n-não, ele p-precisa, t-tá...”

     Tom cobriu o rosto com as mãos, sentindo-se um completo idiota por pensar que poderia levar Bill até lá embaixo. A realidade fria acabava de abater-lhe. Se alguma coisa acontecesse ali seria sob sua responsabilidade, e ele teria mais problemas do que poderia imaginar. E, pior, Bill estava em perigo real.

     “Bill.” Disse Tom, baixinho. “Bill, você pode me ouvir?”

     Bill não respondeu.

     “Bill, sou eu, Tom.” Tentou novamente. Os ombros de Bill pareceram relaxar um pouco, mas ele ainda estava tremendo. “Eu sei que você pode me ouvir.”

     “Não.” Sussurrou Bill.

     “Volte para mim...” Tom disse, calmamente. “Você só estava aqui... Volte para mim.”

     Tom estava de pé, ao lado de Bill, a mão erguida como se quisesse tocá-lo. Ele não tinha certeza se o que estava fazendo surtiria algum efeito. Fazia tudo por puro instinto.

     Ele decidiu tocar Bill, suavemente, no ombro. Todo o corpo de Bill se encolheu, e ele ficou ainda mais tenso. Passou a respirar ofegante, entre dentes, mas pelo menos parou de tremer.

     “Tudo bem.” Disse Tom, com calma. “Ok.”

     “Tom?” Bill espiou com um olho aberto, e uma lágrima escorreu por sua face. “Eu estava perdido por um minuto.”

     “Eu sei.”

     “Aonde você vai?” Bill perguntou, em uma voz minúscula.

     “Eu... só sai por um segundo.” Tom improvisou. “Foi estúpido da minha parte, me desculpe.”

     “Não vá a lugar algum.” Disse Bill, tremendo novamente. Mais algumas lágrimas escorreram por seu rosto e ele se inclinou para Tom.

     Tom suspirou, e mais uma vez foi contra seus melhores instintos, colocando os braços ao redor de Bill e apertando-o com força, como se sua vida dependesse disso. Bill enterrou a cabeça no peito de Tom, e ele o sentia segurando a boneca desesperadamente. Tom esfregou as costas de Bill e o puxou mais, sentindo o calor que seu corpo emanava.

     “Quer ir para a cama?” Tom murmurou. “Vou levá-lo de volta.”

     Bill assentiu. “Ajude-me.”

     “Eu estou tentando.” Tom respondeu, honestamente.

     O tubo e o cobertor foram esquecidos enquanto Tom guiava Bill de volta ao quinto andar e o deixava em seu quarto. Depois disso ele voltou para o trabalho, mantendo-se uma hora a mais até terminar tudo o que tinha que fazer.

**

     “Tom... Tom... Tom.”

     Tom piscou e se virou para Brigitte, que estava ao lado dele. Ela estava muito perto, na verdade quase em seu colo. Estavam assistindo televisão na casa de Tom, e ambos tiveram folga na noite de trabalho.

     “Hey.” Disse Tom, dando-lhe um beijo rápido. “O que?”

     Brigitte franziu a testa. “Eu estava tentando te dizer... Nada.”

     Tom suspirou. “O que?”

     “Eu recebi uma carta da universidade hoje.” Disse Brigitte. “Eles me deram detalhes sobre minha companheira de quarto e a minha data de entrada.”

     “Quando?”

     “Fim de agosto.” Brigitte respondeu rapidamente.

     Tom inclinou a cabeça para trás no sofá e suspirou de novo. “Isso é perto.”

     “Eu sei.” Disse Brigitte, suavemente. Ela se inclinou para beijar Tom, e ele correspondeu, fechando os olhos e deslizando uma mão por suas costas. Ela subiu em seu colo e remexeu-se sobre sua cintura, prendendo seu rosto entre as mãos e o beijando corretamente.

     Ele agarrou seus quadris e a puxou em sua direção, fazendo-a gemer. Foi uma reação física, não mental. Ele não queria se encontrar com ela, estava cansado e só pensava em ir dormir mais cedo. Mas ela o telefonou e argumentou que tinham tão pouco tempo juntos.

     Então, Tom cedeu a Brigitte, e eles tiveram até uma noite confortável em frente à televisão. Mas agora parecia que Brigitte queria algo mais, e Tom estava cansado demais para dar isso a ela.

     “Vamos para o seu quarto.” Ela sussurrou.

     Tom sorriu para ela. “Você não está pronta para isso, está?”

     Ela empurrou seu quadril para baixo e sorriu. “Tom Trümper, você está reclamando?”

     Tom lutou dificilmente contra o bocejo que sentia. “De jeito nenhum.”

     “Vamos fazer isso aqui.”

     “Brige.” Tom gemeu.

     “Seus pais estão dormindo.” Ela sussurrou.

     “Verdade.” Tom respondeu. Brigitte já estava brincando com a fivela do seu cinto, e ele olhou para ela, tentando sentir cada reação de seu corpo a isso. Ele não podia estar cansado para ela, ele amava sexo, adorava fazê-lo. E Brigitte era boa nisso. Eles tinham uma química sexual incrível, que nunca deixou a desejar, mas dessa vez, mesmo com ela se balançando sobre seu quadril, ele não sentia quase nada.

     “Tom,” disse ela, suavemente, puxando sua calça para baixo e colocando a mão em sua virilha. “Baby, você está bem?”

     Tom olhou para ela. “Sim.”

     “Mas você...” ela apertou seu membro sobre o tecido da boxer, e ele estremeceu. Ela sorriu, e continuou massageando-o, deslizando a mão para cima e para baixo. “Aí está você.”

     “Cuidado.” Advertiu ele, arqueando as costas levemente enquanto ela o acariciava. Era bom, muito bom. Fechou os olhos e deixou-se levar por ela. Brigitte era incrível com as mãos. “Boa menina.”

     “Eu perdi você.” Ela sussurrou, beijando-o. “Em tanta coisa você tem faltado.”

     “Mm,” Tom respondeu, em um murmúrio. “Ooh, isso é tão bom Brige.”

     “Eu posso fazer ainda melhor.” Disse Brigitte. “Muito melhor.”

     “Eu sei que você pode.” Disse, Tom, abrindo os olhos e sorrindo. “Seja boa comigo essa noite.”

     “Sim, claro.” Brigitte sorriu e puxou sua camisa sobre a cabeça, jogando-a ao lado do sofá. Tom olhou para os seus seios, perfeitamente desenhados dentro do sutiã. Ele chegou para trás, dando espaço para que ela o tirasse. Quando Brigitte o fez, Tom beijou um de seu mamilos. “Mm...”

     Tom esfregou-se em seus seios. Sentia-os quente contra seu rosto e ele suspirou, fazendo-a balançar sobre seu membro. Ele estava ficando excitado, mesmo que seu cérebro recusasse isso. Seu corpo estava pronto para o sexo, e tudo que ele podia fazer era estar ali para ela.

     Brigitte ergueu sua saia e puxou a calcinha para baixo, para depois voltar para o colo de Tom, cutucando seu pênis com seu quadril nu. Tom deslizou as mãos por suas costas e apertou sua bunda. Ela parecia tão boa, nua em cima dele, e essa foi a ultima visão que ele teve antes de fechar os olhos.

     “Brige.” Tom gemeu.

     “Espere.” Ela respondeu.

     Tom gemeu baixinho quando a sentiu sentar sobre membro, deslizando para baixo e depois para cima novamente. Ele segurou seu quadril e a guiou, ajudando-a a se manter sobre ele.

     “Isso é tão agradável.” Ela suspirou inclinando a cabeça em seu ombro.

     Tom balançou a cabeça, concordando. Sua mente vagava. Ele pensou em Brigitte e no que ela sentia, na falta que ela faria quando fosse embora. Mas, será que ele sentiria isso mesmo? Ainda assim, ele achava que não seria fácil terminar com ela. Ela era doce, ele a amava, mas não era o suficiente. Sequer era como antes.

     E então, ele começou a pensar em Bill.

     Bill era suficiente para ele, mas ele não sabia o que isso significava. Bill era um paciente do sexo masculino, em uma ala psiquiátrica. Possivelmente a última pessoa em que Tom deveria estar pensando enquanto fazia sexo com sua namorada.

     Mas, no entanto, ele não deixava a mente de Tom. Ele não conseguia parar, nem sabia como fazê-lo. Abriu os olhos e tentou puxar sua namorada em foco. Ela estava oscilando em seu colo, gemendo, correndo os dedos por seus cabelos. Ele agarrou seu peito e apertou, fazendo-a gemer mais, envolvendo os braços em volta de seu pescoço.

     “Deus.” Tom gemeu, empurrando seu quadril para tocá-la mais fundo. Mas não era Brigitte na sua mente. Era Bill. Ele só conseguia pensar em Bill. Queria ficar perto dele. Tom não tinha certeza sobre o que isso significava.

     Bill era tímido, possuía olhos arregalados, sempre hesitante, sempre com medo. Ele precisava de um herói, alguém para salvá-lo, para tirá-lo do mundo confuso onde ele se encontrava. Tom parecia ter uma ligação com ele. Eles tinham uma relação de confiança mútua e, sexual ou não, uma atração mútua.

     “Tom eu estou... estou vindo!” Brigitte tirou Tom de seus pensamentos, cravando as unhas em sua pele e arranhando enquanto chegava o seu orgasmo. Tom rangeu os dentes. Seu corpo respondeu ao aperto que ela estava proporcionando e ele estocou uma última vez antes de vir dentro dela.

     “Ah merda.” Tom resmungou, soltando seu quadril e cobrindo o rosto com as mãos. “Merda, merda, foda-se.”

     “O que foi? Baby?” Brigitte puxou as mãos do rosto de Tom e cuidadosamente saiu de cima dele. Ambos gemeram baixo, e depois ela sentou ao seu lado, enterrando-se sob o seu braço.

     Tom franziu a testa e olhou para ela, sentindo-se um depravado. “Eu...”

     “Psiu,” Brigitte respondeu, acariciando seu cabelo. “Shh, eu sei.”

     “Sabe?”

     Ela concordou. “Eu estou triste também. Temos tão pouco tempo.”

     Tom apenas suspirou, fechando os olhos novamente.

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